"Uma mulher não pode ganhar o sustento e criar os filhos ao mesmo tempo..." Freud
Será que o Pai da Psicanálise tinha razão ?
Será que o Pai da Psicanálise tinha razão ?
Somos obrigadas a
dar conta da administração do lar familiar, cujas atribuições muitas
vezes delegamos às outras mulheres que as delegam às outras mulheres ou
filhas, num movimento cíclico e contínuo dos resquícios do patriarcado
marcado a ferro e fogo em nossa obsoleta e retrograda legislação civil.
Pois, quem teve Rui Barbosa como jurista condecorado, não precisa dizer
mais nada.
Voltando a questão
da culpa, relembremos nossa cultura religiosa judaico-cristã, donde a
representação da mulher deu-se, através de Madalena conceituada como
prostituta. Pois, Maria, mãe do filho do Homem, era pura e casta
exibindo José, apenas como provedor e meramente coadjuvante na
representação paterna.
Séculos e séculos se
passaram e as mulheres a passos lentos foram praticamente mendigando
algum espaço na sociedade patriarcal. Ora, pois ! Nosso “Y” vem do pai,
nos casamos com “Y” e damos a luz às vezes ao “Y”. Difícil situação,
reivindicar nossos direitos estando cercadas do poder masculino, seja
pelo pai, companheiro ou filho. Operários lutaram por seus direitos
contra os patrões, negros lutaram por seus direitos contra os brancos e, nós mulheres ? Temos que lutar contra nossos pais, maridos e filhos ?
Muita coisa mudou,
vagarosamente, mas mesmo assim chegamos lá. Só que de contrapartida,
amargamos um castigo pela ousadia de nos indignar em lutar pela
liberdade. Continuamos ternas nas questões do amor e acabamos oferecendo
o dedo anelar esquerdo para um grilhão disfarçado de comunhão. E,
voltamos tudo de novo... Casamos, procriamos, trabalhamos em tripla
jornada e quando o conto de fada se acaba, ficamos desamparadas criando
sozinhas nossos filhos e lutando de sol a sol pela sobrevivência.
Levantamos
todas as manhãs com o torturante despertador, administramos nosso lar
com todos os incessantes afazeres domésticos, rumamos ao trabalho para
colocarmos o pão à mesa, chegamos já cansadas na roda viva laborativa e o
dia transcorre nesse zig-zag sempre com a culpa martelando por não
estarmos tão presentes na vida de nossos filhos.
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